DATA DE PUBLICAÇÃO
26-10-2024
ARTIGO DE OPINIÃO
PRIMEIRAS IMPRESSÕES 02
Nº 018
Apresentação
No Primeiras Impressões 02 irei falar do que percebi ao ler, pela primeira vez, Lucíola de José de Alencar. Me limitarei apenas às minhas impressões e divagações. Haverá spoilers, mas prometo não entregar tudo de bandeja… mesmo essa sendo uma obra aclamadíssima de 1862. Espero que gostem!
Expectativa
Acredito que muitos leitores já passaram pela mesma situação que passei: estava esperando um romance bem escrito e terminei orfão de algo que nunca reinvidiquei. Fui procurar ferro e acabei encontrando ouro! Àqueles que ainda não tiveram a oportunidade de lê-lo, faça! É uma obrigação tanto cultural quanto intelectual.
Características
Lucíola é um romance contado em primeira pessoa por Paulo Silva, pernambucano que se mudou recentemente para o Rio de Janeiro em busca de um bom emprego. Em sua recente mudança, ele se apaixona por Lúcia, uma cortesã muito quista pelos homem importantes da sociedade.
A obra é construída a partir de um apanhado de cartas que Paulo destina à G.M., uma senhora de confiança de Paulo. No decorrer da história vemos Lúcia a partir dos olhos de Paulo e vemos ele refletindo sobre suas atitudes quando revive essas memórias. Ou seja assim como em Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis, aqui, vemos o Paulo do futuro falando dos momentos que viveu esse momento importante de sua vida (degressão).
Um pouco de divagação
Assim como o Primeiras Impressões anterior eu irei abrir um espaço para algumas reflexões que abordarei, ou não, em artigos futuros. Se lhe interessar, seja bem vindo, se não lamento, mas deveria ficar mesmo assim.
Numa primeira lida, percebi que a obra toca em um tema central muito importante e ao longo da obra vemos temas menores que trazem veracidade ao contexto da época.
- José de Alencar utilizar Lucíola para falar de um tema nada novo como a deficiência moral da elite social. Como consequência vemos Lúcia como resultado desse moralismo e Paulo como alguém ainda alienado dessa convenção social.
- Outro tema que achei muito interessante foi sobre a castidade.
Após alguns episódios bem picantes, Lúcia se obriga a viver a castidade como uma forma de resgatar a pureza perdida. Isso é bem interessante porque em 1862 vemos José de Alencar resgatando a importância da castidade.
- Esse aqui não termina com um “felizes para sempre”, porém apoteótico.
Vemos a evolução de Paulo como ser humano e Lúcia quase ascendendo como um anjo, mesmo tendo sido condenada por todos desde sua infância. Ambos os personagens principais evoluem e vivem algo muito maior e profundo. Algo que em algum momento ansiamos viver um dia.
Conclusão
Não esperava me deparar com tantos temas ainda mais em uma obra curta. Me senti um tanto triste quando terminei de ler, mas sinto que foi proposital, afinal de contas, o romance durou poucos meses e foi intenso no inpicio e nostáugico em seu final. Espero que mais pessoas possam perceber a importância de obras como essas que não lhe trazem riquezas financeiras, mas são um repouso tranquilo para o espírito.