DATA DE PUBLICAÇÃO

20-09-2024

ARTIGO DE OPINIÃO

OS DEMÔNIOS DE POE

Nº 009

Os demônios de Poe

Este se trata de um artigo de opinião sobre a vida, exposta, de um dos autores de terror e investigação mais conhecidos da história, Edgar Allan Poe. Apesar de ser opinativo, me deterei quanto ao juízo de valores, uma vez que a única história que temos acesso é a, mundialmente, publicada e não aquela merecida aos amigos e familiares próximos. Sempre saberemos por alto os males que ele carregava consigo, os pensamentos que pairavam em sua mente e as urgências do espírito quando nos apartamos de tudo e de todos, para aquele quarto escuro e solitário, em busca de uma saída de emergência. Espero que gostem!

Comecemos pela exaltação, Poe é, inegavelmente, um dos primeiros nomes que vem à mente quanto se trata de obras de terror. Contos como O gato preto e O corvo servem como alicerces para filmes, séries e outros livros. Ao final do artigo, terá alguns links de filmes baseados nos contos de Poe, mas se você está assistindo um filme que envolva mansões assombradas, fantasmas e terror psicológico, provavelmente beberam dessa fonte. Porém, a sua fama veio com o tempo, na verdade ela foi efêmera, enquanto vivo, e foi se tornando eterna no post mortem.

Se você já leu o nosso artigo que fala de sua história então você já sabe que ele era conhecido por grandes nomes da mídia como críticos, políticos e escritores. Infelizmente ele era conhecido por sua irreverência e por suas obras distantes do padrão moralista da época. Muitas de suas obras se resumiam à sátiras ou ao plágio; se não deturpava os poemas de John Whitter (por exemplo), trocava meia dúzia de frases de seus contos já publicados e lançava-o à massa sob outro nome. Imagino que foi difícil sentir simpatia por ele. Sua vida não foi fácil, apesar de ter começado em uma boa escola com o apoio de uma família abastarda; mas que falta fez a presença de seus pais, eu pressuponho; que falta fez um verdadeiro amigo ao seu lado para lhe por algum juízo; que falta fez 3 gramas de maturidade.

Minhas Impressões

Guardarei essa pequena seção para falar do que aflorou em meus pensamentos quando li o livro Histórias Extraordinárias.

Há pouco tempo, reli todos os contos de uma vez e o que posso dizer é que se assemelhou muito com uma caminhada: quando começamos, temos bastante energia e damos passadas largas e firmes; ao enfrentar lugares mais íngremes tentamos manter a passada, mas logo ficamos ofegantes e contidos; logo descemos um breve declive que nos restitui aquela passada inicial. Acredito que seja difícil criar contos igualmente bons, entretanto a sensação foi que os declives não compensavam os aclives.

Contos como O Gato Preto, Ligeia e a Máscara da Morte Rubra têm mais valor do que O Barril de Amontillado ou Sombra – uma parábola. O Besouro de Ouro se destaca tanto em tamanho quanto em qualidade enquanto que outros são cópias de si numa espécie de tortura interrupta, a mesma que aquela criança nos submete quando descobre o som de um objeto batendo no outro e repete ele até alguém a interrompa.

Os Demônios de Poe

Contar uma história boa é difícil, além de talento e esforço, o autor precisa de sorte para que o próprio ambiente cultural permita que esta obra seja bem-recebida. Poe era um excelente escritor, basta você ler qualquer um de seus contos (até os piores) e você verá a forma como suas frases são construídas e como o ambiente ajuda a nascer os piores sentimentos. Ele é bom! Entretanto ele sofreu pelo seu bem mais precioso. Seu Ego. Vimos que ele foi capaz de tomar boas decisões, porém as piores foram as que mais lhe custaram. Imagine quais histórias ele poderia nos contar se tivesse mais tempo, saúde ou dinheiro?

Voltando àquela hipótese de ele não ter nenhum amigo verdadeiro e sejamos este. Daríamos os melhores conselhos, diríamos que as obrigações familiares são mais importantes, que há lutas que não podemos vencer, que olhar para dentro de si e buscar aquilo que é mais profano, vil e desumano não é inovador. Eu sou capaz de pensar em meia dúzia de torturas e crueldades, mas sou incapaz de fazê-las por saber que ao pratica-las ou amigar-se desses pensamentos, eu me perderia. Edgar se perdeu, na verdade, ele foi se perdendo conforme foi se entregando à esses pensamentos baixos. Eles deram fruto e lhe renderam louros, tal qual, grandes escritores, mas o saldo final é triste e solitário como em suas obras.

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