DATA DE PUBLICAÇÃO

11-09-2024

ARTIGO DE ESTUDO

ESTUDANDO MAQUIAVEL PARTE 03

Nº 006

Estudando Maquiavel parte 03

Estudando Maquiavel parte 03 é a continuação da série de artigos relacionados ao estudo das frases de Nicolau Maquiavel em seu livro, O Príncipe. No estudo de hoje vamos estudar o significado de uma das frases mais impactantes e diretas de Maquiavel, sobre a utilidade (se é que tem) de atos crueis. Espero que gostem.

Bem usadas [crueldades] pode-se dizer serem aquelas (se do mal for lícito falar bem) que se fazem instantaneamente pela necessidade do firmar-se e, depois, nelas não se insiste, mas sim se as transforma no máximo possível de utilidade para os súditos

No livro, O Príncipe, assim como em outras obras do autor, é defendido uma ideia de comportamento pautado nos seus objetivos, tomando as consequências como parte do processo decisório. Assim como em outros textos é explorado, o rei deve se valer de ações resolutas para evitar futuras dificuldades e para tornar clara aos outros a importância de lhe prestarem o devido respeito.

Pode parecer estranho falar de algo tão nefasto, como a crueldade, e tirar algo de bom dela. O autor não se vale e nem incentiva que outros usufruem de ações tão nocivas sem que tenham total ciência da distância de cada passada sua. Ele mesmo diz: “… a dignidade é destinada ao homem e a crueldade aos animais…”

A Revolução Francesa, por exemplo, tomou a crueldade como escudo enquanto lutavam por um objetivo em comum. O que nos cabe avaliar é a honra por trás desses movimentos. Todos ão de concordar que uma revolução motivada por injustiças é mais justa do que aquelas que são motivadas por ganância. Você defenderia uma boa causa por meio de métodos pouco éticos?

A crueldade pode ser útil, quanto mais a bondade. O autor deixa bem claro que o objetivo desses atos são para a conquista da dignidade e para glória; até certo ponto pode-se consegui-las, mas pessistindo, a glória e a dignidade se alienam de tal forma que nem o povo e nem os súditos lhe prestarão.

Aplicação

Aqui entramos em uma zona cinza do autor. Nessa parte da política, muitos torcem o nariz e custam acreditar que tamanha maldade possa ser causada pelos seus representantes, porém ela é uma forma de impor limites, respeito e medo.

Acredito que nenhum aqui irá duvidar da nossa capacidade de sermos cruéis. Somos cruéis e podemos ser muito mais. A questão que o autor quer levantar é: seríamos capazes de sermos cruéis na medida certa? Só conseguimos criticar a autocracia dos governantes porque resistimos para atravessarmos o limite chamado: ética.

Em regimes autoritários, toda crueldade é justificável, mas em regimes democráticos elas se tornam menos justificável dependendo da narrativa, uma vez que o medo constante é o que mantem a ordem numa ditadura, enquanto que a sugestão de uma possível opressão preserva a democracia.

Conclusão

Por isso, se faz necessário ter governantes virtuosos que valorizam a diplomacia e a honra, porque essas qualidades lhe garantirão amigos, glória e segurança. Porém, quando a hora que o medo vier se fazer necessário, o governante deve saber escolher: agir como uma raposa ou como um leão. Uma raposa para reconhecer os laços e leão para espantar os lobos.

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